sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Os dons do Espírito

 Os dons do Espirito - H. E. Hayhoe


Alguns dos dons do Espírito foram dados para "sinais", e como tal serviram para confirmar a Palavra para aqueles que eram incrédulos. (Atos 14.3; 1 Coríntios 14.22.) Eles não eram para ser utilizados, mesmo quando alguém os possuía, exceto para edificação. Quando se tratava de falar em línguas, devia-se permanecer em silêncio a menos que alguém pudesse interpretar o que era falado, de forma a edificar a assembléia. (1 Coríntios 14.27,28.)


Quanto ao dom de línguas do versículo acima citado, não existe promessa de sua continuação, nem de qualquer um dos outros dons de sinais. (1 Coríntios 12.28-31.) A continuidade é prometida para aqueles dons que expressavam o amor de Cristo para com a igreja. (Efésios 4.11-16.)


O dom de línguas servia para demonstrar a unidade de todos os crentes de todas as nações, unidade esta formada por Deus por ocasião da vinda do Espírito. (Atos 2.4-11; 1 Coríntios 12.13.) Uma vez que a igreja de Deus falhou de forma tão evidente em expressar exteriormente esta unidade, o dom de línguas, assim como todos os dons de sinais, já não são manifestos em nossos dias. Aqueles que professam possuir estes dons devem ser provados à luz das Escrituras. O dom de línguas na Bíblia não se tratava da manifestação de línguas ininteligíveis, mas línguas bem conhecidas e faladas neste mundo. (Atos 2.8.) Quando se tratava de efetuar curas, ninguém saía desapontado. Todos eram curados. (Atos 5.16.) É bom provar, por estas passagens bíblicas, aqueles que proclamam possuir o dom de línguas e de cura nos dias de hoje. (1 Coríntios 4.19,20.)


Além do mais, "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas". O Espírito de Deus não força um homem a falar a qualquer hora, ou de qualquer maneira, e quando alguém ministra, seu ministério deve ser objeto de um julgamento espiritual por parte de seus irmãos. Além disso, aqueles que falam devem falar um de cada vez, caso contrário haverá confusão. (1 Coríntios 14.27-33.)


Os dons do Espírito não se tratam de habilidades santificadas, mas de uma verdadeira comunicação daquilo que não era possuído anteriormente, embora colocado em um vaso preparado por Deus para esse uso.


Os dons apresentados em 1 Coríntios 12 eram as várias manifestações do Espírito, ali dispostas por Deus e administradas pelo Senhor, e suas operações eram pelo Espírito. Seu uso devia ser para edificação. (1 Coríntios 14.)


Para a época em que a igreja de Deus se transformou numa "grande casa", a palavra em 1 João 4.1 é: "provai se os espíritos são de Deus". Duas coisas devem caracterizar o verdadeiro ministério pelo Espírito: primeiro, deve haver a confissão da verdadeira Deidade e Humanidade de Jesus Cristo; segundo, deve haver submissão à doutrina dos apóstolos conforme é dada na Palavra. Isto é muito importante. (1 João 4.2,6.)


Todo crente é habitado pelo Espírito, e sabe disso pelo amor de Deus que é derramado em seu coração. (Efésios 1.13; 1 Coríntios 6.19; Romanos 5.5.)


Toda bênção cristã é um dom. Não recebemos essas bênçãos por nossos próprios esforços ou orações. Nós as recebemos quando a fé recebe a Cristo, e crê no evangelho da Sua graça. (Efésios 1.3.) Aqueles que creram no evangelho no dia de Pentecostes, receberam também o dom do Espírito. (Atos 2.38.)


O nosso desfrutar daquilo que temos recebido depende do nosso andar. (Romanos 15.13; Efésios 4.30; 1 Coríntios 2.15.) Andemos cuidadosamente, em oração, submissos à Palavra, e julgando tudo aquilo que possa impedir a ação do bendito Espírito de Deus em nos mostrar as coisas que pertencem a Cristo.


É importante lembrar que as Escrituras são inspiradas pelo Espírito de Deus (2 Pedro 1.21), e que o Espírito nunca guiará alguém por um caminho contrário à Palavra.


H. E. Hayhoe



O Falso Messias

 O Falso Messias - W. Scott


Uma determinada pessoa, um homem judeu e apóstata, é o Anticristo que encontramos nas profecias das Escrituras. Há aqueles que costumam apresentar o Anticristo como o líder civil do Império Romano, mas não é verdade. O Anticristo é o falso messias,o ministro de Satanás para com os judeus em Jerusalém, operando sinais e fazendo maravilhas por meio de um poder vindo diretamente de Satanás. Ele se assenta no templo de Deus, que estará construído em Jerusalém, e exige ser adorado como Deus. A Besta (Roma),o falso profeta ou Anticristo, e também o dragão (Satanás) são deificados e adorados, numa imitação da adoração que é devida ao Pai, Filho e Espírito Santo. A nação apóstata de Israel aceita o Anticristo como seu rei.


Ele definitivamente não se trata de um grande poder político. É verdade que exerce influência sobre a Cristandade, mas no seu aspecto religioso, e não politicamente. O governo do mundo Ocidental, civil e político, está nas mãos do grande chefe gentio. É ele, cujo trono se encontra em Roma, quem rege politicamente sob o comando de Satanás. O Anticristo tem seu trono em Jerusalém enquanto que o líder do domínio gentio o tem em Roma. Os dois homens são ministros de Satanás, aliados em iniqüidade. Um é judeu, o outro gentio. Ambos estão presentes por ocasião da vinda do Senhor em juízo, e ambos são lançados vivos no lago de fogo -- uma sentença eterna.


O termo Anticristo é usado apenas pelo escritor do Apocalipse, o que faz por quatro vezes, em 1 João 2.18,22; 4.3 e 2 João 7, uma delas no plural (1 Jo 2.18). Destas passagens tiramos muitas coisas importantes: 1- O surgimento de anticristos é uma marca clara do "fim dos tempos" e eles são apóstatas; 2- O Anticristo se coloca em direta oposição àquilo que é vital ao Cristianismo, a saber, a revelação do Pai e do Filho, e também à verdade distinta do Judaísmo -- Jesus, o Cristo (1 Jo 2.22). 3- A Santa Pessoa do Senhor é também objeto do ataque satânico. Tudo isso atinge o seu clímax no Anticristo que vem; nele toda sorte de mal religioso chega ao seu mais alto grau.


Paulo, em uma de suas mais antigas e breves epístolas (2 Tessalonicenses), apresenta o esboço de uma personalidade caracterizada pela impiedade, insubordinação e arrogância, a qual supera em muito tudo aquilo que o mundo já viu. Um caráter claramente idêntico ao do Anticristo citado por João. Em ambos os casos trata-se da mesma pessoa.


É evidente que Paulo instruiu pessoalmente os cristãos tessalonicenses acerca do assunto solene que é a chegada da apostasia, ou o público abandono do cristianismo, e conseguinte à apostasia, a revelação do homem de pecado (2 Ts 2.3). Sua carta é um complemento à sua admoestação verbal.


São usados três adjetivos para o Anticristo: 1- o iníquo; 2- o homem do pecado; 3- O filho da perdição. O primeiro sugere que ele se coloca em direta oposição a toda autoridade divina e humana. O segundo estabelece que ele é a personificação de toda forma e classe de mal -- o pecado personificado. O terceiro demonstra ser ele o apogeu da manifestação do poder de Satanás, e, como tal, tem a perdição e o juízo como sua porção. Esse medonho caráter usurpa o lugar de Deus sobre a terra, assentando-se no templo então edificado em Jerusalém, exigindo a honra e adoração que é devida a Deus (2 Ts 2.4).


Sua influência religiosa -- pois ele não é, de modo algum, um político -- domina as massas de cristãos professos e judeus. Eles caem na armadilha de Satanás. Eles, que já haviam abandonado a Deus e renunciado publicamente à fé cristã e à verdade essencial do judaísmo, agora recebem do Senhor, em justa retribuição, a horrível operação do erro de receberem o homem do pecado enquanto crêem ser ele o verdadeiro Messias (2 Ts 2.11). Que engano! O Anticristo recebido e crido no lugar do Cristo de Deus!


Quando se compara 2 Tessalonicenses 2.9 com Atos 2.22, fica evidente um notável paralelo. Os mesmos termos -- poder, sinais e maravilhas -- são encontrados em ambos os textos. Por estes sinais Deus iria credenciar a missão e o serviço de Jesus de Nazaré (Atos 2.22). Pelas mesmas credenciais Satanás apresenta o Anticristo ao mundo apóstata (2 Ts 2.9,10).


O próprio Senhor faz referência ao Anticristo e à sua aceitação por parte dos judeus como seu messias e profeta (Jo 5.43). No livro dos Salmos ele é descrito proféticamente em seu caráter de "homem que é da terra" (Sl 10.18), e também como o "homem sanguinário e fraudulento" (Sl 5.6). Estes adjetivos descritivos são, em si mesmos, uma característica do ímpio em geral na grande crise que se aproxima, embora exista uma pessoa, e somente uma, à qual se aplicam no seu mais completo significado. É o caráter do Anticristo que se encontra diante de nós nestes e em outros salmos.


Daniel, no capítulo 11 de sua profecia, faz referência a três reis: o rei do Norte (Síria), o rei do Sul (Egito), e o rei na Palestina (o Anticristo). As guerras, alianças familiares e intrigas, detalhadas tão minuciosamente nos primeiros trinta e cinco versículos deste interessante capítulo, tiveram um cumprimento histórico exato na história dos reinos da Síria e do Egito, formados após a ruína do poder do império Grego.


No versículo 36 um rei é repentinamente introduzido na história. Esse rei é o Anticristo cujo reinado na Palestina precede o reino do verdadeiro Messias, do mesmo modo como o Rei Saul precedeu o Rei Davi; o primeiro prefigurando o rei anti-cristão e o segundo prefigurando Cristo, o verdadeiro Rei de Israel. Esta parte do capítulo (v. 36-45) fala de um tempo futuro, levando-nos até o tempo do fim (v. 40). O rei se exalta e se eleva acima de todo homem e de todo deus. O orgulho do diabo está personificado nesse terrível personagem judeu. Somente o lugar que é devido a Deus pode satisfazer sua ambição. Que contraste com o verdadeiro Messias, Jesus, que Se humilhou até à morte, e morte de cruz (Fp 2.5-8).


Por meio de Daniel 11.37 fica evidente que o Anticristo é descendente de judeus, o que também pode ser deduzido do fato de que se assim não fosse ele não poderia nem reivindicar, mesmo entre os judeus apóstatas, o direito ao trono de Israel. O rei,ou Anticristo, é atacado do Norte e do Sul, ficando a sua terra, a Palestina, entre dois fogos. Ele é incapaz, mesmo com o auxílio de seu aliado, o poderoso líder Ocidental, de se livrar dos repetidos ataques de seus inimigos do Norte e do Sul. O primeiro é o mais amargo e determinado deles. A Palestina é invadida pelos exércitos conquistadores vindos do Norte, mas seu rei, o Anticristo, escapa da vingança do grande opressor do Norte, prefigurado pela infame memória de Antíoco Epifânio (rei da Síria a partir do ano 175 A.C.). O Anticristo é alvo do juízo do Senhor na Sua vinda dos céus (Ap 19.20).


Em Apocalipse 13, duas Bestas são contempladas em uma visão. A primeira é o poder romano com sua cabeça blasfema sob o controle direto de Satanás (v. 1-10). A segunda Besta é a pessoa do Anticristo (v. 11-17). A primeira é caracterizada por força bruta e trata-se do poder político daqueles dias, e daquele a quem Satanás "deu o seu poder, e o seu trono, e grande poderio" (Ap 13.2). A segunda Besta está claramente subordinada ao poder da primeira (v. 12) e seu caráter é religioso; não tem pretensões políticas. Sua pretensão religiosa é amparada pelo poder e força da Roma apóstata, e assim as duas Bestas agem juntas sob seu grande líder, Satanás. Os três são igualmente adorados.


A segunda Besta, ou Anticristo, é idêntica ao falso profeta, citado nos capítulos 16.13; 19.20 e 20.10 de Apocalipse. As respectivas cabeças da rebelião contra Cristo, em Seus direitos reais e proféticos, são dois homens diretamente controlados e revestidos de poder pelo próprio Satanás. Trata-se de uma espécie de trindade do mal. O Dragão deu seu poder exterior à primeira Besta (Ap 13.2). Ò segunda ele dá seu espírito, para que possa falar como um dragão (v. 11). Finalmente, Zacarias se refere ao Anticristo como pastor inútil que acaba por abandonar o rebanho (Israel) sobre o qual exerce poder de rei, sacerdote e profeta. Mas sua alardeada autoridade (seu braço) e sua altiva inteligência (seu olho direito), por meio das quais sustenta suas pretensões na terra, são totalmente arruinadas. E ele próprio é lançado vivo na morada da miséria eterna, o lago de fogo (Zc 11.15-17; Ap 19.20).


Ao nosso ver, a estrela caída por ocasião do primeiro "ai" é, sem dúvida alguma, o Anticristo (Ap 8.10,11; 9.12). A que outro personagem do Apocalipse poderia se aplicar tal descrição? As reivindicações espirituais e pretensões religiosas de Satanás são sustentadas e cumpridas pelo Anticristo, enquanto que sua soberania temporal sobre o mundo é estabelecida no reinado e na pessoa do príncipe Romano. A agonia que se segue é agonia da alma e da consciência, e não agonia física. O Anticristo parece ser o instrumento escolhido pelo diabo para aflição da alma e da consciência, enquanto que, para o sofrimento do corpo, a força bruta da Besta recebe total liberdade de ação, satisfazendo-se com cenas de crueldade e derramamento de sangue, atormentando os corpos dos seres humanos.


W. Scott

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