terça-feira, 21 de abril de 2020

Estudando Romanos 12.2

Texto: e não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
... E não vos conformeis-vos
A palavra grega para conformar, quando transliterada chega pra nós como Suschematizo que significa:
1.) Conformar-se com a mentalidade e caráter de alguém que ainda não passou pela transformação de Cristo.
2.) ( Moldar-se) essa palavra está relacionada ao Molde o mesmo que forma.
Em primeiro Lugar
na fala do Apóstolo Paulo o mundo possui a sua própria forma,
Se você por na forma um bolo por exemplo, ele vai sair após pronto no mesmo modelo da forma que você usou.
O mundo não é diferente, a cada vez que um Cristão, se relaciona com ele, (exceto pessoas) ele está colocando o seu pé, nessa forma do mundo nesse caso o mundo (Eros) daí passarão a viver no mesmo modelo do mundo.
... Transformai-vos pela renovação da vossa mente. A palavra que agora vem é (Metaformo) o mesmo que metamorfose
Em Segundo Lugar
Essa palavra significa: mudança ou transformação de um ser humano a um outro ser humano, nesse caso a nova criação, que agora foi criada em Cristo Jesus. O que Paulo queria que os Romanos entendessem? Uma vez que vocês tem uma mente renovada, agora são capazes, de transformar o mundo que há em sua volta.
Embora o contexto esteja bem distante de nós hoje, essa mensagem tem uma boa aplicação a nossas vidas.
...Para que experimenteis qual seja a boa, a agradável e perfeita vontade de Deus
Agora a palavra experimentar, do grego é ( dokimazo) sig.Testar, examinar.
Em terceiro lugar Paulo deixa claro que quando você passa pela transformação do SENHOR, você poderá provar, a agradável e perfeita vontade de Deus. Sabe o que isso significa? Que sua vida está Entregue a ele você agora não vive mais pra você e sim pra ele, o seu corpo é guiado pelo o Espírito Santo.
Fiz esse estudo pra compartilhar conhecimentos Bíblicos com você e também pra te mostrar que, em apenas um versículo, podemos escrever um pequeno artigo Bíblico

Por Dinael Matos.

terça-feira, 3 de março de 2020

Sal e Luz - Ramon Rocha Matos

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai que está nos céus Mateus 5:13-16

sábado, 26 de maio de 2018

Devo participar de manifestações contra o governo?

Devo participar de manifestações contra o governo?

Entendo que o cristão não deva promover manifestações contra o governo, e nem apoiá-las ou participar delas ou divulgá-las como se fosse algo de bom. E quando falo “cristão”, estou me referindo àquele que foi salvo pela fé em Cristo e que agora é membro do corpo de Cristo, que é a igreja, o conjunto de todos os salvos na atual dispensação da graça. Portanto, a menos que você tenha nascido de novo, não irá entender o que vou dizer, porque “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2:14).
Mas pode ser que você seja realmente nascido de novo pela fé em Jesus, porém ainda esteja amarrado às tradições católicas ou protestantes, que sempre consideraram o cristão como parte deste mundo. Por isso o protestantismo, que através de homens como Lutero e Calvino resgataram a verdade da justificação pela fé, também seguiu o mesmo caminho de Roma, que era de um estado em que Igreja e poder secular andam de mãos juntas. Por isso, durante séculos, muitos países tiveram uma religião oficial, católica ou protestante, e em alguns era proibido congregar a não ser com autorização da “igreja nacional”, como era a “Igreja Católica”, a “Igreja da Inglaterra”, a “Igreja da Escócia”, a “Igreja Reformada da Suíça”, “Igreja da Suécia”, etc.
Dentro dessas correntes a ideia também é de que o cristão está aqui para conquistar o mundo para Cristo, e não chamar para Cristo as pessoas para fora do mundo. Intervir em política e participar de manifestações podia estar muito adequado aos israelitas, e é o que encontramos no Antigo Testamento e até nos evangelhos, os quais certamente participavam das decisões de sua nação (Israel), interferiam na vida privada de seus governantes, pois eles tinha a responsabilidade de dar exemplo para todos os judeus, e até eram incentivados por Deus a pegarem em armas para defenderem a terra que Deus lhes deu como herança neste mundo e desejarem a morte e o sangue dos inimigos do povo de Deus. Por exemplo, veja os versículos abaixo:
(Sl 33:12) “Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança”. (Está se referindo a Israel e ao povo israelita, não a qualquer nação como o Brasil)
(Lc 3:19-20) “Sendo, porém, o tetrarca Herodes repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe, e por todas as maldades que Herodes tinha feito, acrescentou a todas as outras ainda esta, a de encerrar João num cárcere”. (Estava certo para um judeu cobrar de seus governantes uma postura em conformidade com a Lei do Antigo Testamento que fora dada aos judeus, não aos gentios).
(Sl 68:22-23) “Disse o Senhor: Eu os farei voltar de Basã, farei voltar o meu povo das profundezas do mar; Para que o teu pé mergulhe no sangue de teus inimigos, e no mesmo a língua dos teus cães”. (Nenhum cristão concordaria com este sentimento que estava muito adequado ao povo de Israel, mas não é para a Igreja).
Não entender esta distinção entre o povo terreno de Deus (Israel) e o povo celestial (Igreja) levou a todas as barbaridades cometidas pela cristandade nos últimos dois mil anos, tanto católicos quanto protestantes. Isso inclui não só as Cruzadas para “libertar a Terra Santa” e as perseguições promovidas pelo catolicismo romano durante a Inquisição, mas também a ideia que prevaleceu na Inglaterra durante o reinado da Rainha Vitória e dos que a antecederam, e que existe ainda hoje nos Estados Unidos, de promoverem a conquista do mundo para cristianizá-lo e Cristo poder vir depois e estabelecer seu Reino. Homens muito usados por Deus em alguns momentos, como Lutero e Calvino, são também conhecidos por seu apoio à perseguição, tortura e morte daqueles que não se sujeitavam às religiões que criaram.
Depois do 11 de Setembro, George Bush, que é cristão batista, usou 5 vezes a palavra “cruzada” em seus discursos referentes à guerra contra o terrorismo islâmico. É muito provável que ele seja adepto da “Teologia do Domínio”, que prega o domínio do mundo pelos cristãos. A falsa ideia de que a Igreja seja a continuação de Israel e herdeira das promessas feitas a Israel no Antigo Testamento leva a todas essas aberrações e barbáries, e sem este prefácio ficaria difícil você compreender o que entendo ser o modelo bíblico para o cristão.
A Igreja é o povo celestial de Deus, suas promessas são celestiais e por isso mesmo o cristão não tem aqui cidade permanente. Se assim é, por que o cristão se envolveria em manifestações contra o governo do país onde vive? Estaria ele interessado em reformar este mundo que está reservado para o juízo, para fazer dele um melhor lugar? Afinal, mesmo tendo nascido neste mundo, ele deveria se conscientizar de que não é do mundo e que sua cidadania é celestial.
(Fp 3:20) “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”.
(Hb 13:14) “Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir”.
(Jo 15:19) “Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia”.
Por mais corruptas que sejam as autoridades e por mais perniciosas que sejam as leis, Deus está no controle de tudo. Este mundo jaz no maligno e vai continuar assim até Jesus voltar para buscar sua Igreja e depois estabelecer seu reino. Mas será ele quem irá estabelecer seu reino, e não cabe ao cristão hoje querer arrancar o joio do meio do trigo. Portanto até mesmo a malignidade que encontramos nos governantes e nas leis tem a permissão temporária de Deus para prevalecer, pois nada escapa aos seus propósitos. Ele quer inclusive que os próprios governantes malignos se convertam. Não é coincidência que este seu desejo venha logo depois da passagem que fala para orarmos pelas autoridades:
(1Tm 2:1-4) “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência… Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade”.
A questão é que Deus usa governos injustos e leis ímpias como forma de castigo dos ímpios e aprendizado dos que pertencem a Deus. Deus permite isso para que a medida de injustiça do povo fique cheia e Deus não seja considerado injusto quando castigar os ímpios. Vemos este princípio em algumas passagens do Antigo Testamento. Mesmo que ali elas estejam sendo aplicadas diretamente a Israel, o princípio ainda é válido pois é a maneira de Deus agir para com as nações.
(Gn 15:16) “E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia”.
(Dt 9:4) “Quando, pois, o Senhor teu Deus os lançar fora de diante de ti, não fales no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o Senhor me trouxe a esta terra para a possuir; porque pela impiedade destas nações é que o Senhor as lança fora de diante de ti”.
Até mesmo o ímpio Pilatos teve de ouvir da boca de Jesus que seu cargo de governante só existia porque Deus assim queria e para que os propósitos de Deus se realizassem. É claro que, mesmo assim, Pilatos seria responsabilizado por seus Atos iníquos e em sua culpa por entregar Jesus à morte.
(Jo 19:10-11) “Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada”.
Responda rápido: se os cristãos tivessem promovido uma manifestação para derrubar o governo de Pilatos, eles estariam fazendo a vontade de Deus ou lutando contra Deus?
Por isso, apesar de toda a idolatria e impiedade dos povos do Antigo Testamento, você encontra várias vezes Deus usando autoridades pagãs para ajudar seu povo de Israel (Faraó, Nabucodonosor, Ciro, Dario) ou às vezes também como sua “vara” para castigar a infidelidade dos hebreus. Babilônia foi um dos instrumentos usados por Deus para disciplinar seu povo de Israel.
Eles foram levados cativos para Babilônia, e como Deus queria que reagissem a isso? Que levantassem um motim contra o Rei de Babilônia? Que promovessem um quebra-quebra, pegassem em armas? Ou talvez deveriam adotar uma postura de não-resistência como Gandhi pregou, mas fazendo greves e recusando-se a trabalhar para emperrar todo o sistema do inimigo? Uma mente lógica e racional certamente tomaria este caminho, mas aqueles que esperavam em Deus foram surpreendidos com uma carta escrita pelo profeta Jeremias aos cativos em Babilônia. Longe de fomentar uma revolta, a Palavra de Deus para eles dizia:
“Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os do cativeiro, os quais fiz transportar de Jerusalém para Babilônia: Edificai casas e habitai-as; e plantai jardins, e comei o seu fruto. Tomai mulheres e gerai filhos e filhas, e tomai mulheres para vossos filhos, e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; e multiplicai-vos ali, e não vos diminuais. E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz” (Jr 29:4).
Se a carta de Jeremias virou “best-seller” entre os judeus não foi por ter agradado, mas por ter sido vista como uma traição do profeta. Aos olhos dos judeus ele estava apoiando o inimigo, por isso acabou preso. Mas tudo o que ele previu se cumpriu, porque Deus tinha um tempo certo para cada coisa, e naquele momento, sob a vara do castigo divino, os judeus deviam apenas se conformar e viver em paz na cidade inimiga procurando o seu bem e a sua paz. Falsos profetas se levantavam dizendo o contrário, e o próprio Jeremias previu isto:
“Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que sonhais; Porque eles vos profetizam falsamente em meu nome; não os enviei, diz o Senhor. Porque assim diz o Senhor: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar. Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais” (Jr 29:8-14).
Neste exato momento Deus pode estar usando também as autoridades brasileiras, muitas delas incrédulas, céticas e ateias, para cumprirem os propósitos divinos. Talvez nós, como cristãos, possamos sofrer as consequências de seus Atos e decretos, mas não se esqueça de que os cristãos do primeiro século sofreram muito mais nas mãos do governo de Nero e outros imperadores romanos. Mesmo assim nunca ouvimos falar de passeatas e manifestações dos cristãos da época por considerarem injustos os governos. Eles sabiam que eram injustos, pois neste mundo não se pode esperar que as coisas sejam diferentes. Afinal, sobre toda a humanidade, representada pela religião, cultura e poder civil e militar, recai a responsabilidade pela cena do Calvário. Ali Jesus foi pregado sob uma declaração trilíngue, hebraico, grego e latim, representando esses mesmos segmentos da sociedade.
“Pedro foi preso injustamente. Acaso a igreja fez cartazes e saiu em passeata em frente da prisão protestando? Não, eles se reuniram para orar” (Atos 12:1-19).
Comece hoje a orar pelos governantes e lembre-se de pedir a Deus que perdoe e converta os que estão errados. Aí sim você estará fazendo a obra de Deus. O cristão deve ser sal e luz, duas coisas que não exercem influência pelo que fazem, mas pelo que são. O sal conserva os alimentos, e o mundo mal sabe o quanto de paciência Deus está tendo só porque os cristãos ainda estão no mundo. Quando forem tirados daqui, o anticristo se manifestará e aí a coisa vai pegar. A luz repele as trevas e revela o pecado, e o cristão não precisa abrir a boca para ser luz. Você já passou por experiências do tipo chegar em uma roda de amigos e a pessoa que estava contando algo imoral parar de falar por saber que você é cristão? É disto que estou falando.
Mas se você continuar fazendo passeatas, promovendo a desobediência civil e incitando o ódio das pessoas contra os poderes estabelecidos, estará fazendo a obra do diabo. O que Deus ordena em sua Palavra para o cristão é muito claro e está relacionado a todas as esferas do governo envolvendo autoridade, leis, magistrados, polícia, exército, impostos, tributos, taxas, etc. A passagem é clara demais ao dizer que quem resiste à autoridade está, na verdade, resistindo ao próprio Deus!
(Rm 13:1) “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas [e você pensou que foi pelo seu voto, né?]. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos, condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus [muitos líderes nem imaginam isto] para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei”.
Alguns acham que isto só se aplica a governos bons e justos e a leis baseadas nos ensinos cristãos, mas é um engano pensar assim. Paulo escreveu isto sob o domínio de Roma e de seus imperadores, e não havia nada de cristão na maneira como eles governavam ou de como usavam o dinheiro tirado do povo.
O que fazer? Não seria então um caminho trabalharmos em prol da eleição de políticos e governantes realmente convertidos a Cristo para termos uma nação genuinamente cristã? Constantino fez isso, cristianizou o Império, e veja no que deu. A verdade é que não é pelas eleições ou pelo voto do povo que os governantes são instituídos. O processo todo é controlado, não de baixo para cima, mas de cima para baixo, como o próprio Jesus explicou a Pilatos.
“O Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele… Ele remove os reis e estabelece os reis” (Dn 4:172:21).
Mesmo aqueles que chegam ao poder por revoluções, golpes de estado ou pela astúcia de sua propaganda, como fez Hitler, não imaginam que, ainda que os próprios tiranos fossem instrumentos de Satanás, por detrás dos bastidores Deus permitia tudo isso. Se o candidato em quem você votou perdeu a eleição, e se você tem consciência de que é Deus quem “remove os reis e estabelece os reis”, eu pergunto: você votou contra ou a favor dos desígnios de Deus? O fariseu Gamaliel era muito mais sábio do que muitos cristãos de hoje, pois entendeu que não há como remar contra os desígnios de Deus. Quando os líderes judeus queriam matar os discípulos que foram presos por pregar o evangelho, ele fez um aparte com o seguinte argumento:
E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus. (Atos 5:38-39).
O apóstolo Pedro mostra que falar mal das autoridades é uma característica de carnalidade. Depois de comentar sobre os habitantes de Sodoma, ele acrescenta: “…seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores” (3 Pe 2:10). Certamente você, como cristão, não quer andar nas mesmas práticas dos habitantes de Sodoma, não é mesmo?
Ao escrever a Tito, o apóstolo Paulo mostra que esse tipo de proceder, difamando as autoridades e resistindo a elas, estava bem de acordo com o velho homem, com nossa natureza carnal antes de termos sido salvos:
“Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra, não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens. Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros” (Tt 3:1-3).
Como se já não bastassem todas estas exortações dadas por Deus em sua Palavra, Pedro parece adivinhar que muitos ainda iriam querer aplicar o pensamento lógico e carnal nestas questões, por isso o Espírito, por intermédio do apóstolo, acrescenta:
“Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei”. (1 Pe 2:13-17).
O segredo está aí: o cristão não se sujeita ao governo pelo que o governo é, mas por causa daquele que está acima do governo, o Senhor. A sujeição é por causa do Senhor; a prática do bem como antídoto aos males praticados pelo governo é “a vontade de Deus”, e sob esta aparente imagem de submissão servil está uma liberdade que apenas os verdadeiros servos de Deus podem experimentar. A sujeição do cristão é a mesma que muitos mártires no passado experimentaram, porque sabiam que tudo o que lhes sobrevinha tinha primeiro passado pelo céu para obter de Deus o carimbo de liberação, assim como ocorreu com Jó.
Você acha injusto viver assim? Será que já ouviu falar de Jesus e de como ele foi tratado, sabendo que estava em suas mãos o poder para invocar os exércitos celestiais em seu socorro e promover uma manifestação nunca vista em nenhum levante humano? É a isto que Pedro se refere, e não a sofrer por causa da oposição às autoridades humanas a dor de cassetetes, spray de pimenta ou tiros de balas de borracha:
“Porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus. Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pe 2:19-23).
Mas e quando as tarifas dos ônibus sobem demais, os impostos tiram quase todo o nosso ganho e vemos o uso de recursos públicos para coisas que não convém? Não devemos boicotar isso e nos posicionarmos contra as práticas injustas do governo? Vamos deixar que o Senhor Jesus responda, em um episódio quando o assunto eram os impostos, e não só isso, mas impostos que estavam sendo cobrados por uma nação inimiga que havia invadido a terra de Israel e estava oprimindo e espoliando seu povo:
“E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus. É-nos lícito dar tributo a César ou não? E, entendendo ele a sua astúcia, disse-lhes: Por que me tentais? Mostrai-me uma moeda. De quem tem a imagem e a inscrição? E, respondendo eles, disseram: De César. Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e, maravilhados da sua resposta, calaram-se” (Lc 20:21).
Aquela moeda deve ter contribuído no orçamento de Roma para mais tarde ter condições de construir o Coliseu onde cristãos seriam trucidados pelos leões. Ou você acha que não? Se aquele que é Deus e Homem perfeito agiu assim, por que você se considera mais sábio para agir diferente?
Se nos dedicássemos mais ao modelo de “manifestação” que foi dado aos cristãos, veríamos mais resultados. Ainda não soube de uma passeata capaz de fazer a terra tremer, mas também não acho que seria prático fazer passeatas de joelhos no chão.
(Atos 4:31) “Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos”.
(Atos 16:25-26) “Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam… De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos”.
Cristãos que lutam contra autoridades de carne e ossos estão mirando no lugar errado. Os governantes contra os quais os cristãos são convocados a lutar são os poderes e dominadores do mundo tenebroso, as forças espirituais do mal, e elas não ficam em Brasília, mas “nas regiões celestes”. Mas para entrar numa luta assim é preciso estar vestido de uma armadura completa.
(Ef 6:11-12) “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes… com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”.
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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O que você pensa de sonhos e visões?

O que voce pensa dos sonhos e visoes?



https://youtu.be/XdbKpyddVXI

Lendo Hebreus 1 entendemos que Deus mudou sua maneira de se comunicar com o homem ao longo das eras. Heb 1:1 "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho" Na atual dispensação, quando temos TODA a Palavra de Deus revelada ao nosso alcance, a questão dos sonhos e visões muda de figura. Exceto em Atos 2:17, que aponta para um tempo ainda futuro e para o remanescente judeu que irá se converter após o arrebatamento, não encontro qualquer referência a sonhos nas epístolas da doutrina dada pelos apóstolos à igreja.

O mesmo pode-se dizer de visões (exceto as que Paulo menciona em 2 Co 12:1, mas que fazem parte da revelação que ele recebeu). Aliás, a única vez onde as visões aparecem nas epístolas é com uma conotação negativa em Colossenses 2:18. Compare estas diferentes versões ou traduções:

(ACF) Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão

(Biblia) Ninguém vos roube a seu bel-prazer a palma da corrida, sob pretexto de humildade e culto dos anjos. Desencaminham-se estas pessoas em suas próprias visões e, cheias do vão orgulho de seu espírito materialista

(BRASIL) Ninguém à sua vontade vos tire o vosso prêmio com humildade e culto aos anjos, firmando-se nas coisas que tem visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal

(CNBB) Que ninguém, a pretexto de humildade e culto aos anjos, vos impeça de alcançar a vitória. Tais pessoas baseiam-se em pretensas visões, deixando-se ingenuamente inchar de orgulho por sua mente carnal

(NVI) Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhadamente suas visões, e sua mente carnal a torna orgulhosa

(PAST) Que ninguém, com humildade afetada ou culto aos anjos, impeça vocês de conseguir a vitória; essas pessoas se fecham em suas visões e se incham de orgulho com o seu modo de pensar

(PJFA) Ninguém atue como árbitro contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal

O texto parece insinuar que as visões dessas pessoas foram geradas por sua mente carnal, e não de uma fonte espiritual. A maioria das religiões se apóia em visões, e dentro do cristianismo católico e protestante você encontra correntes renovadas ou pentecostais que dão uma grande importância a sonhos e visões (apesar de não haver NADA sobre o assunto nas instruções ou doutrina dos apóstolos para a igreja).

Não raro o que se vê nesses meios pentecostais são pessoas orgulhosas de seus sonhos e visões, que se acham mais que seus irmãos, simples mortais que não conseguem ter um acesso tão fácil ao mundo espiritual como elas têm. De um lado isso cria orgulho (nos que dizem ter tais sonhos e visões) e desespero (nos que não conseguem tê-las, achando que ainda não atingiram um grau de santificação suficiente).

Ou seja, nada que traga edificação aos santos, como traz a Palavra de Deus que temos em mãos, na qual Deus nos revelou TUDO o que precisávamos à vida e piedade.

2Pe_1:3 Visto como o seu divino poder nos deu TUDO o que diz respeito (ou de que precisamos) à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; 

Col 1:25-26 Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para CUMPRIR a palavra de Deus; O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos

A palavra "cumprir" tem o sentido de completar, ou seja, dar por encerrada a revelação. (Darby) of which *I* became minister, according to the dispensation of God which is given me towards you to complete the word of God ("...para completar a palavra de Deus")

Será que precisamos mesmo de sonhos e visões agora que somos habitados pelo Espírito Santo (antes de Pentecostes ninguém era) e tendo a Cristo e o acesso a completa Palavra de Deus?

Eu particularmente considero todo esse interesse por sonhos e visões como insatisfação com o que Deus revela em Sua Palavra. Quando nos falta comunhão com Deus e com Sua Palavra saímos procurando por informação em outras fontes, como sonhos, visões, fábulas (histórias inventadas, tem muito disso por aí). A pergunta correta seria: Acaso a Palavra de Deus já está em nós (João 15:7) o suficiente para conhecermos toda a vontade de Deus? Se assim for, não precisaremos recorrer a outros meios.

Se vivemos insatisfeitos com as revelações que o Senhor já nos deu em Sua Palavra, quando menos esperamos acabamos caindo num estado de ruína e vazio parecido ao de Saul, quando Deus já não lhe respondia pelos meios que havia na época (aí sim, os israelitas dependiam de sonhos, visões e profecias por não terem ainda toda a Palavra de Deus completa como temos). Quando Saul não encontrou nos meios autorizados por Deus o que queria ouvir (porque o próprio Deus havia desistido de falar com Saul por esses meios, dada a sua rebelião), ele foi procurar respostas no espiritismo da época, consultando quem dizia ter comunicação com o além.

2Tm 4:2-4 Que pregues A PALAVRA, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas

1Tm 4:1-2 Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; 

sábado, 16 de setembro de 2017

O velho escravo

O velho escravo

Havia um leilão de escravos, cujos preços variavam dependendo da idade, saúde, força para o trabalho, etc. Quando foi apresentado um escravo velho, fraco e doente, ninguém se interessou, mas todos se surpreenderam quando ouviram um fazendeiro gritar um lance tão alto que daria para comprar todos os escravos à venda. Como ninguém deu outro lance, ele arrematou por uma fortuna aquele escravo fraco e doente, diante do espanto de todos, inclusive do próprio escravo que aproximou-se de seu novo dono trêmulo de medo.

- Vá embora - disse o fazendeiro. - Você está livre!
O escravo tremeu mais ainda e perguntou:
- Mas o sr pagou aquele alto preço para me mandar embora, livre?
- Isso mesmo. Eu paguei um preço alto porque tive pena de você e queria ter certeza de que ninguém ofereceria uma soma maior. Eu comprei a sua liberdade; pode ir, a partir de hoje você é um homem livre!

O escravo, caindo aos pés do seu libertador, com os olhos banhados em lágrimas, falou com voz forte e resoluta:
- Senhor, por causa do que fez, eu o servirei, POR AMOR, até o fim dos meus dias!

Como saber se uma religião é falsa? Verificando se ela diz a você para fazer algo para MERECER a salvação. No cristianismo bíblico tudo o que o cristão faz para Deus são expressões de gratidão por uma salvação já assegurada. Na cruz o Senhor Jesus pagou o preço da redenção de todo aquele que o aceita como Salvador. O verdadeiro cristão serve, não para receber a salvação, mas por tê-la recebido quando creu em Jesus.

1Jo 4:19  Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.

Efs 2:8-10  Porque pela graça sois salvos, POR MEIO DA FÉ; e isto não vem de vós, é dom de Deus. NÃO VEM DAS OBRAS, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

O cristao deve impor sua cultura e costumes?

O cristão deve impor sua cultura e costumes?



https://youtu.be/QcZH0vSl-os

O cristão não deve impor sua cultura e costumes neste mundo por uma razão muito simples: somos estrangeiros. Um brasileiro que se mudar para o Japão não vai querer influenciar o governo Japonês para adotar o cristianismo como religião oficial ou querer estabelecer o domingo como um dia de descanso e adoração, ou fazer os japoneses pararem de tocar sua música para fazer batucada. O brasileiro não vai fazer isso porque lá ele é estrangeiro. Não faz sentido interferir.

Acredito que se fôssemos João Batista ou se vivêssemos em sua época, deveríamos tentar mudar as coisas neste mundo e cultura, pois foi o que ele fazia com sua pregação. Ele interferia até na vida privada do rei. Ele tinha um ministério que não é o nosso, quer dizer, ele anunciava o Reino a ser estabelecido neste mundo. Quando o Rei foi rejeitado e condenado à morte, o Reino ficou postergado para a volta do Rei em glória. Não faz sentido, portanto, arrumar um mundo maduro para o juízo. Seria como reformar e pintar aqueles navios que a marinha usa de alvo em exercícios militares.

Por outro lado, vemos o Senhor e seus discípulos agindo de modo bem diferente, andando como estrangeiros que somos. Se tiveram qualquer influência, foi por suas vidas, pela fragrância e não pelo discurso; pela luz e não pelo fogo; e pelo sal e não pelo vinagre.

Achar que a cultura cristã pode arrumar as coisas em um mundo de incrédulos é tentar estabelecer o Reino, como aqueles que professam a Teologia do Domínio tentam fazê-lo (há um livro sobre isso, "The Road to Holocaust"). Não há evidência na Palavra de Deus de que o cristão deva cristianizar o mundo. Ele deve pregar o evangelho para "tirar" pessoas do mundo e transformá-las em estrangeiras rumando para o céu. O Império Britânico tentou cristianizar o mundo e vimos os resultados. Não é muito diferente da doutrina Bush de hoje. Seus métodos são os mesmos da idéia islâmica de conquista pela espada.

Do ponto de vista humano, o mundo pode viver muito bem sem os cristãos ou sem princípios cristãos, pois foi o que fez por séculos. Toda tribo ou povo tem seu próprio código de bem e mal, do tipo faça isto e não faça aquilo. Até nossa legislação é baseada no direito romano e não no cristianismo. E os romanos copiaram muita coisa dos gregos, que copiaram dos egípcios, que copiaram dos babilônicos e assim por diante. Muito das leis que temos pode ser encontrada no código de Hamurabi que viveu 1.800 anos antes de Cristo.

Portanto não temos que nos preocupar com o bem-estar deste mundo pois até os povos pagãos tem suas maneiras de proteger a propriedade, respeitar uns aos outros e muitas outras coisas que são comuns a muitas culturas não cristãs ou cristãs.

O problema é que quando falamos em interferir como cristãos neste mundo, lemos Gálatas 5:22 como se estivesse impresso em negativo:

"O fruto do Espírito é... NÃO-adultério, NÃO-prostituição, NÃO-impureza, NÃO-lascívia, NÃO-Idolatria, NÃO-feitiçaria, NÃO-inimizades, NÃO-porfias, NÃO-emulações, NÃO-iras, NÃO-pelejas, NÃO-dissensões, NÃO-heresias, NÃO-Invejas, NÃO-homicídios, NÃO-bebedices, NÃO-glutonarias"

É claro que você não irá encontrar um incrédulo que esteja louco para entrar nessa vida de "NÃO". Todavia, se lermos da maneira certa, e mostrar dessa forma ao mundo, aí ser cristão pode fazer sentido até para um incrédulo, pois irá parece algo que ele busca como se fosse um vislumbre do "Horizonte Perdido" de James Hilton.

"Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança."
Coisas assim são até ensinadas pelos Recursos Humanos das empresas de hoje, pois todo mundo quer viver e trabalhar com pessoas assim. Mesmo que elas não queiram mostrar bondade, mansidão ou temperança, vão querer viver com quem seja assim.

Quanto ao cristão ler ou usar coisas da cultura deste mundo, seria bom dar uma olhada neste versículo de Atos 17:23-28 que mostra como Paulo conhecia a cultura e a usava. Ele usa a cultura grega como ponto de partida de seu discurso e podia até se lembrar das palavras dos poetas gregos:

"Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO.... Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração. "

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Você está preparado para o furacão?

VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA O FURACÃO?

Neste exato momento um furacão gigantesco traz destruição às ilhas do Caribe enquanto caminha rumo a Porto Rico e à Flórida. Antes dele passou outro, levando destruição ao Texas, e depois dele mais três estão se formando nesse desfile mortal. E você ainda acha a vida no mundo maravilhosa e não vê nada de errado, certo? E nem pensar em se preparar para um furacão que está a milhares de quilômetros do Brasil, não é mesmo? Não se preocupe, não vou dizer que você é perverso por não estar preocupado, mas de qualquer modo eu e você somos perversos em outros sentidos.

Talvez você não acredite que quando o pecado entrou na Criação de Deus causou um furacão que até hoje cria desequilíbrios e tragédias neste mundo. Quando Deus criou o mundo disse que era bom, e quando criou o homem disse que era muito bom. Não é bem assim que hoje vemos o homem e o mundo, não é mesmo? Mas a parte mais bizarra de tudo isso é que eu e você até sentimos uma pontinha de prazer pelas tragédias dos outros, e não me diga que não. Sim, porque a tragédia de um é a oportunidade de outro e é inevitável que se tenha um sentimento até de prazer no desequilíbrio da humanidade. Vivemos em um mundo desequilibrado e somos desequilibrados por natureza.

Não acredita? Então pense assim: Se você for um policial, como iria comprar o leite das crianças se não existissem criminosos? Fabricante de armas e munições? Acaso não irá contratar e expandir seus negócios se vislumbrar uma guerrinha no horizonte? E se for advogado, será que não é quando as pessoas se metem em encrenca que você prospera e troca de carro? E o médico, então, que vive graças à doença alheia? Até quem fabrica isqueiros ganha com a epidemia de crack, e as clínicas também. Funileiros não existiriam se as pessoas não batessem o carro, bombeiros se não existissem incêndios, coveiros se ninguém morresse e bancos se as pessoas não gastassem mais do que podem. Por isso Adam Smith, o pai da economia moderna, escreveu no século 18: "Não é pela benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que nos é garantido o jantar, mas pelo egoísmo deles, ao agirem em benefício próprio."

E tem mais: Neste exato momento, o que seria dos fazendeiros e produtores de cítricos do Brasil, e de toda a cadeia industrial que se segue, como indústria de sucos e embalagens, transportadoras, implementos agrícolas, defensivos, adubos etc., se não fosse por um furacão devastando os pomares de laranja da Flórida? Eu me lembro de quando era garoto e Limeira, minha cidade, era grande produtora de laranjas e exportadora de sucos. Eu me lembro dos rojões que os fazendeiros soltavam quando chegava a notícia de uma geada na Flórida. Até que um dia o cancro cítrico chegou em Limeira e foi a vez dos fazendeiros da Flórida soltarem rojão, porque a laranja praticamente desapareceu de minha cidade que tem nome de laranja.

A desgraça de um é oportunidade de outro, e não adianta vir com conversas piegas do tipo "vamos fazer o mundo melhor", cantando "Imagine" do Lennon, e achando que o mundo poderia ser melhor se as pessoas se amassem como em comercial da TV na virada do ano. Não, o mundo não poderia ser melhor porque aí sua profissão desapareceria e você vai lutar com unhas e dentes para que isso não aconteça. O desequilíbrio está em todo lugar, para a felicidade de uns e amargura de outros.

Portanto, se você deseja MESMO uma vida melhor em um lugar melhor sugiro que comece a fazer as malas para a evacuação, como estão fazendo os moradores da Flórida que já perceberam que a destruição está para chegar. Existe um expresso que deve partir da Terra para o céu a qualquer momento, e a menos que você tenha aceitado o ingresso grátis pela fé em Jesus, a água do juízo vai subir muito acima de seu queixo.

Ou você acha que sua vida será sempre com céu de Brigadeiro neste mundo que não só foi arruinado pelo pecado, como também expulsou o Filho de Deus daqui? Que crucificou o Senhor da glória? Acha que isso vai ficar barato aos olhos de Deus? Não vai. Mas em sua misericórdia Deus está convidando hoje você a crer em Seu Filho que morreu para levar sobre si os pecados de todos os que nele creem e resgatá-los do dilúvio de fogo que virá com o furacão de nome "Juízo". Esse furacão do juízo de Deus já passou aqui uma vez há dois mil anos, quando caiu sobre Jesus crucificado. Hoje você só irá encontrar paz, calma e salvação no olho daquele furacão, na Pessoa que suportou o juízo de Deus.

A experiência do profeta Jonas tinha um caráter profético que falava da morte e ressurreição de Jesus. Ele diz:

“Em meu desespero clamei ao Senhor, e ele me respondeu. Do ventre da morte gritei por socorro, e ouviste o meu clamor. Jogaste-me nas profundezas, no coração dos mares; correntezas formavam turbilhão ao meu redor; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim.... As águas agitadas me envolveram, o abismo me cercou, as algas marinhas se enrolaram em minha cabeça. Afundei até os fundamentos dos montes; à terra cujas trancas estavam me aprisionando para sempre. Mas tu trouxeste a minha vida de volta da cova, ó Senhor meu Deus!”  (Jn 2:2-6).

E o apóstolo Pedro escreve:

“Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste.  Pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio, mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.  Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.  Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.  Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade,  aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.” (2 Pe 3:3-13).

http://www.foxnews.com/us/2017/09/07/irma-could-cause-havoc-for-floridas-citrus-sugar-industries.html

sábado, 2 de setembro de 2017

Jônatas - Faltou uma coisa

Há algum tempo, durante uma reunião de estudo da Palavra, minha atenção foi despertada para as tristes circunstâncias da morte de Jônatas no Monte Gilboa. Israel fugiu diante do inimigo, e foi vencido. Saul foi morto, e seus três filhos foram mortos juntamente com ele. Foi a completa derrota do reino de Saul. Que triste cena – o corpo de Saul e os corpos de seus três filhos pregados no muro de Bete-Sã! Acaso não seria esse um final triste para qualquer homem que terminasse assim? Imagine então o que foi para Jônatas chegar a um tão vergonhoso fim! E como foi que isso aconteceu? Por que aconteceu? E que lição Deus quer que aprendamos desta história inspirada, nestes últimos dias em que vivemos?

O ponto decisivo na história de Jônatas está em 1 Samuel 18, e ilustra também o ponto decisivo na história de toda alma que é nascida do alto. É verdade que encontramos Jônatas, antes disso, como um homem poderoso da casa de Saul. “E Jônatas feriu a guarnição dos filisteus que estava em Gibeá, o que os filisteus ouviram: pelo que Saul tocou a trombeta por toda a terra, dizendo: Ouçam os hebreus!” (1 Sm 13:3). Nós o encontramos outra vez como um homem valente na passagem de Micmas. Alguém pôde dizer, dez séculos mais tarde, “E eu, nalgum tempo, vivia sem lei.” (Rm 7:9). “Se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu… hebreu de hebreus.” (Fp 3:4-5). Assim, o ponto decisivo na vida de Jônatas foi, em figura, muito parecido com o ponto decisivo na vida de Paulo a caminho de Damasco.

O PODEROSO ADVERSÁRIO

É iniciado o assunto. Que estudo temos aqui! Israel estava reunido em ordem de batalha no vale de Elá. Do outro lado do vale estava o adversário da casa de Saul, o desafiador dos exércitos de Israel. E não havia um libertador na casa de Saul. Naquele dia, Deus enviou um rei-salvador – aquele desprezado pastor um rapazinho. Ah, aquele desprezado era o ungido de Deus, o rei de Israel. O poderoso inimigo foi morto naquele dia pelo filho mais novo de Jessé. “E disse-lhe Saul: De quem és filho, mancebo? E disse Davi: Filho de teu servo Jessé, belemita.” “E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma.” (1 Sm 17:58; 18:1).

Ah, Jônatas tinha olhado para o outro lado do vale de Elá e, vendo aquele terrível adversário, Golias de Gate, cuja altura era de seis côvados, ficou com muito medo. E não foi só por um dia ou dois que Golias se apresentou, mas por quarenta dias, e com ele todos os exércitos da Filístia. Quão grande a graça de Deus em enviar ao acampamento aquele Davi salvador, o rei desconhecido! Ali permaneceu ele, tendo terminado a obra que Deus lhe havia dado para cumprir. A vitória fora completa; o campeão estava morto, e os filisteus fugiram. Olhe para Davi agora. Porventura não é uma figura daquela maior vitória do maior Filho de Davi? 
A UM PASSO DA ETERNIDADE
Como Jônatas olhou para o outro lado daquele vale de Elá, assim também uma alma é,às vezes, levada a olhar para além do vale da morte. E, oh, quão terrível será o horror se o grande adversário estiver ali, e se todos os pecados da vida passada estiverem ali também, tudo disposto em uma terrível ordem, como as hostes dos filisteus! Permita-me que lhe peça que olhe para o outro lado desse estreito e profundo vale, e responda: Porventura o Salvador Jesus já foi revelado à sua alma, como foi o salvador Davi ali revelado a Jôtanas? Evidentemente, este último é apenas uma figura do primeiro. Mas havia realidade e certeza para Jônatas, e aquilo, de uma vez para sempre, ligou seu coração a Davi. Este assunto é tão oportuno – o vale que nos separa da eternidade é tão estreito. Outro suspiro – não, talvez, nem chegue a outro suspiro e já poderá ser, após a morte, a vez do seu julgamento! Se assim for, você certamente tem um motivo ainda maior para ficar aterrorizado, do que o que teve Israel naquele dia. Você pode ter sido, até hoje, um príncipe tão poderoso quanto Jônatas; a trombeta de Saul pode ter propagado o seu louvor; mas será que Deus revelou Jesus à sua alma – Aquele que foi enviado por Deus – Aquele que foi desprezado e rejeitado? Você pode vê-Lo? Então digame: O que são aquelas cicatrizes nas Suas mãos e no Seu lado? Elas falam docemente ao coração: “Tendo consumado a obra que Me deste a fazer” (Jo 17:4). Olhe para o poderoso Conquistador, o Unigênito enviado por Deus. “Eis o Cordeiro de Deus!” (Jo 1:29).
Oh, quão maravilhoso é o efeito da fé simples em Jesus, Aquele que completou a obra da redenção! Quarenta dias esse adversário, Golias, desafiou Israel; mas por quarenta séculos Satanás desafiou o homem e desonrou a Deus. Quem mais além do santo Substituto poderia sair ao encontro do adversário e preservar a glória de Deus? Pois assim como Davi abateu Golias no vale de Elá, também Jesus encontrou todo o poder de Satanás no vale da morte. Minha alma, faz bem meditar nisto. Cada pecado que o acusador poderia trazer contra mim foi carregado por Jesus.

AMAR E DESPOJAR-SE

Duas coisas foram produzidas em Jônatas por essa, por assim dizer, primeira revelação de Davi: Jônatas o amou como à sua própria alma, e se despojou. Evidentemente, isso foi algo simples e natural. De que maneira singular ele olhou para a face daquele jovem pastor que, com o risco da própria vida, munido apenas de sua funda e de sua pedra consumara tão grande livramento! E será que você pode também olhar para Jesus, Aquele que deu Sua vida tão preciosa, Aquele que suportou a ira pelos pecados que você cometeu, Aquele que mostra Suas mãos e Seu lado e, com doçura, lhe diz: “Paz seja convosco” (Jo 20:19). Ao tomar conhecimento disto, pode você ainda ficar sem amar Aquele que tanto amou você primeiro?
Portanto, como se pode ver, a fé deve produzir amor. Quão belo e simples é tudo isso!Então vem o despojar-se. Por que foi que Jônatas se despojou? Bem, Paulo, aquele outro hebreu de hebreus, nos conta por que ele se despojou; e acho que ao fazê-lo explica também por que razão Jônatas também se despojou. Menciono estes dois por terem sido, cada um deles, dos mais puros hebreus de sua época. Saulo de Tarso, do qual Jônatas é um tipo ou figura, foi um perfeito judeu; um dos mais conceituados fariseus que já pôde se firmar em sua própria justiça. Leia Filipenses 3 e você verá o registro honesto que ele dá de si próprio. Paulo diz: “Segundo a justiça que há na lei, irrepreensível” (Fp 3:6). Era isto o que aquele hebreu de hebreus podia dizer, e, oh, quantos pobres fariseus de nossa época gostariam de poder dizer o mesmo!

DEIXANDO TUDO POR CRISTO

Mas vamos agora aplicar a Paulo a questão relativa a Jônatas. Por que Paulo se despojou a si mesmo? Quão clara e simples é a resposta: “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo. E seja achado nEle, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas… a justiça que vem de Deus” (Fp 3:7-9).
Sem dúvida alguma, quão belo e apropriado, é este despojamento! O Jesus despojado, que morreu na cruz pelos pecados de Paulo, aparecia agora àquele hebreu de hebreus, fariseu de fariseus, em uma glória que sobrepujava o sol em seu esplendor: “Eu sou Jesus, a Quem tu persegues” (At 9:5). Que mudança aquelas palavras produziram! Nos anos que se seguiram, o mesmo Paulo escreveria dAquele glorioso Ser que foi entregue por nossas ofensas, e ressuscitou de entre os mortos para nossa justificação, para ser nossa justiça permanente, sim, que Deus O ressuscitou de entre os mortos, o Santo e Justo, nossa perfeita e eterna justiça diante de Deus e de todo o universo (Rm 4:25; 5:18;1 Co 1:30; Fp 3:9-10). E, oh, quão grande a paz de Deus que enche a alma que assim conhece a Ele, e ao poder da Sua ressurreição!
Agora iremos ver que tudo aquilo que exaltava a Saulo, o hebreu de hebreus, só podia servir para diminuir a Cristo; e, sendo assim, oh, com que alegria ele se despoja a si próprio para que Cristo possa ser tudo! Será, leitor, que o seu coração está unido assim a Jesus? E será que você está assim despojado?
Do mesmo modo como Paulo se despojou de tudo, também “Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, bem como os seus vestidos, e até a sua espada, o seu arco, e o seu cinto” (1 Sm 18:4). Que senso da dignidade de Davi, o rei-salvador! Sendo ele um nobre militar, despojar da espada era algo bem significativo. Que rendição! Lemos, acerca dos vinte e quatro anciãos, que eles “lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder” (Ap 4:10-11).

AS MARCAS DE UM CRISTÃO

Coloco estas duas coisas como marcas benditas de um cristão, da maneira como são ilustradas em Jônatas. O senso do valor da redenção por meio do sangue de Jesus é tamanho, que o coração fica ligado a Ele em amor; e tamanho é o senso do que Ele é como nossa justiça e justificação, ressuscitado de entre os mortos, que nos leva ao completo despojamento da velha capa de justiça-própria, sim, de cada trapo, da espada e do cinto, de tudo; tudo aquilo que pertence ao ego: sua justiça, seus esforços, suas lutas e seu andar, tudo entregue a Jesus, a Justiça de Deus, Cristo em ressurreição.
E estou certo, querido leitor, de que se Cristo não estiver assim revelado a você, como Davi foi revelado a Jônatas, nada poderá levá-lo a abrir mão de sua capa, vestidos, espada e cinto. Se a sua velha capa não lhe inspirar muita confiança para comparecer na presença de Deus, o diabo tentará de outra forma, dando-lhe a esperança de que você talvez possa lutar melhor, ou andar melhor; ou pode ser que ele lhe diga que conseguirá melhorar indo à missa, guardando a lei e cumprindo ritos e cerimônias. Satanás fará qualquer coisa para mantê-lo fora da sala de despojamento de Jônatas; o lugar onde você não é nada e Cristo é tudo.

CONFESSANDO A CRISTO
Vamos dar uma olhada mais adiante dessa história tão instrutiva (1 Sm 19). Conhecer verdadeiramente a Cristo não é uma mera emoção passageira, mas um amoroso vínculo com Jesus, e uma crescente fé na Sua obra consumada – uma fé tal que o levará a confessá-Lo diante dos homens, custe o que custar. Com certeza é isto que encontramos em Paulo, e em todos os membros da Igreja nos seus primórdios; e é de algo assim que lemos neste capítulo: “Jônatas, filho de Saul, estava mui afeiçoado a Davi” (1 Sm 19:1). “Mui afeiçoado!” Deveremos notar, a esta altura da história, um surpreendente paralelo.
Naquela época o reino de Israel era, em sua forma visível, governado pela casa de Saul. Mas Deus havia rejeitado Saul e sua casa, e Samuel tinha ungido Davi; e a fé podia reconhecer Davi como o rei ungido que havia de vir. De modo semelhante, a fé agora reconhece, por meio do registro da Palavra de Deus, que a glória deste mundo, com seus reinos e seu deus, já está julgada e a ponto de ser varrida na vinda do Rei de Justiça e Príncipe da Paz.

O ÓDIO DO MUNDO
Bem, o mesmo acontecia com Israel naquele tempo. O ódio que é agora manifestado contra Cristo e contra Seus verdadeiros seguidores foi, de modo semelhante, manifestado por Saul contra Davi e seu pequeno grupo de verdadeiros seguidores. Não se esqueça disto, está bem? Pois você irá descobrir que o ódio do mundo contra Cristo é um verdadeiro teste para o seu próprio coração. E assim Jônatas foi submetido a esse teste. “E falou Saul a Jônatas, seu filho, e a todos os seus servos para que matassem a Davi.” (1 Sm 19:1). E o que faz o amoroso Jônatas? Ele contou a Davi. Não é maravilhoso? Oh, que eu e você possamos ir e fazer a mesma coisa!
Acaso você já não ficou surpreso ao encontrar, em certas ocasiões, ódio contra Jesus vindo de onde você menos esperava? Talvez você tenha sido convidado para se encontrar com alguns amigos, todos eles professando ser crentes – e Saul também professava – para logo descobrir que seus amigos falam de tudo e de todos, menos de seu tão amado Jesus, em Quem você tem tanto prazer. E você descobre que, entre eles, não há nem como falar do glorioso Rei que virá; não estão nem um pouco interessados. Oh, saia do meio desses hipócritas! Vá antes contar a Jesus, e então fale por Jesus como Jônatas falou por Davi; pois se não o fizer, lembre-se de que você estará, ainda que em silêncio, negando a seu Senhor, só por ficar ali sentado com aqueles que, na prática, dão as boas-vindas a Barrabás e dizem “Fora com esse Senhor que vai voltar!”
“Então Jônatas falou bem de Davi a Saul, seu pai, e disse-lhe: Não peque o rei contra seu servo Davi, porque ele não pecou contra ti, e porque os seus feitos te são mui bons. Porque pôs a sua alma na mão, e feriu aos filisteus, e fez o Senhor um grande livramento a todo o Israel; tu mesmo o viste, e te alegraste: por que, pois, pecarias contra o sangue inocente, matando a Davi sem causa?” (1 Sm 19:5).
Então, não era essa uma boa confissão? Encontramos Paulo seguindo no mesmo caminho: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor” (2 Co 4:5). E Jesus disse: “Porquanto qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de Mim e das Minhas palavras, também o Filho do Homem Se envergonhará dele, quando vier na glória de Seu Pai, com os santos anjos” (Mc 8:38).

FALAMOS BEM DE JESUS?

E se Jônatas falou bem de Davi, oh, será que não podemos falar bem de Jesus? Porventura não trouxe Ele uma maior salvação? Será que existe algo maior ou melhor fora de Jesus? Acaso houve algum outro que tenha glorificado a Deus, acerca do pecado, como Ele o fez sobre a cruz? Acaso alguma outra coisa ou pessoa pode dar vida eterna, além de Jesus ressuscitado? Existe algo mais que possa dar paz, mesmo para uma consciência culpada, além do sangue de Jesus? Não conheço nada mais, seja na história do mundo ou em qualquer nação, que dê forças para o homem permanecer à beira da sepultura, esse vale de Elá, e, olhando firmemente para a eternidade, dizer: “Estou confiante”. “Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (2 Co 5:8).
Além disso, diga-me: Porventura Jesus não trouxe à luz vida e incorruptibilidade? Sim, vida por meio dAquele que tem existência própria; dAquele por meio de Quem todas as coisas criadas foram trazidas à existência. E não foi Ele mesmo que, pela morte, conquistou, para o homem, um novo lugar que está muito além do pecado e da morte? E, como primícias dessa nova criação, Ele é agora aquilo que nós, em ressurreição, seremos para sempre, “quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade” (1 Co 15:54). Ele mui breve Se manifestará; Ele que é Deus manifestado – inefável centro da adoração universal, cujo sorriso encherá de gozo todo o universo! Oh, nestes poucos dias finais de Sua rejeição aqui, será que deveríamos sentir vergonha de Jesus? Assim como Jônatas confessou o nome de Davi na condenada casa de Saul, possamos nós assim também, e muito mais, confessar o nome de Jesus diante deste mundo condenado!
QUANDO VEM A PERSEGUIÇÃO

Venha; vamos agora seguir nosso Jônatas um pouco mais em 1 Samuel 20. Saul continua procurando matar Davi. “Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim também agora.” (Gl 4:29). Mas é a perseguição que revela aqueles que são verdadeiros seguidores de Jesus: “Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações.” (Lc 22:28). Isso foi ternamente expressado, e mostrava também como o coração de Jesus apreciava a comunhão fiel, ainda que sem brilho, de Seus discípulos, quando a casa religiosa dominante procurava atentar contra a Sua vida, buscando ocasião para condená-Lo à morte. Com toda certeza, isso foi maravilhosamente prefigurado em nosso capítulo. A simpatia do devoto Jônatas era preciosa para Davi. E quanto isso adoçou a taça amarga! Aquelas palavras, “Saulo, Saulo, por que Me persegues?” (At 9:4). nos revelam claramente como o coração de Jesus está afeiçoado a todos os Seus membros aqui nesta Terra. E será que isto não mostra quão preciosa é para Ele a simpatia que demonstramos para com aqueles que são odiados e perseguidos? Oh, que coisa mais estranha foi, e ainda é, o ódio do homem contra Jesus!
Será que você não notou que desde aquele dia o ódio do homem é proporcional à fidelidade do cristão a Cristo? Porventura não é assim que acontece? Quem mais é tão odiado pela grande casa professante de nossos dias, senão os poucos que desejam realmente caminhar sobre Suas benditas pegadas? Existirão outros tão caluniados e odiados como estes? Mas desde os dias de Paulo, até o presente momento, a pior mentira acerca de Cristo é esta: que se dermos a Ele a honra de uma salvação completa e eterna, sem obras de nossa parte, essa doutrina nos levará à desobediência e ao descuido no andar. Quão completamente é esta mentira rechaçada por nosso Jônatas – “E disse Jônatas a Davi: O que disser a tua alma, eu te farei” (1 Sm 20:4). Que preciosa obediência, obediência de coração, fruto da fé! Posso apontar em qualquer parte do Novo Testamento e encontrar o mesmo fruto. “Senhor, que queres que faça?” é o primeiro impulso de Paulo nascido de novo (At 9:6).

FAZER A VONTADE DO SENHOR

Será que é esta também a linguagem do seu coração para com seu precioso Senhor? “O que disser a Tua alma, eu Te farei”. Isto vai muito além da lei, boa, santa e justa como era. Trata-se do desejo, implantado pelo céu, de fazer a vontade do Senhor no que quer que Ele possa desejar que eu faça. E havia, em Jônatas, esta prontidão para servir Davi na casa de seu pai, e mostrar a Davi o que seu pai tinha em mente, fosse isso bondade ou ódio. Creio que podemos dizer que ele era verdadeiramente um homem de Davi na casa de Saul.
A julgar pelas aparências exteriores, Davi era o desterrado – o rejeitado; e, mesmo assim, com que beleza a fé podia ver nele o escolhido de Jeová! “E Jônatas fez jurar a Davi de novo, porquanto o amava; porque o amava com todo o amor da sua alma.” (1 Sm 20:17).E quando chegou a lua nova, e o rei tomou o seu assento, o lugar de Davi estava vazio; e então, quão plenamente Jônatas confessou o nome de Davi, apesar de sua confissão atrair sobre si a severa ira de seu pai Saul! “Então se acendeu a ira de Saul contra Jônatas, e disse-lhe: Filho da perversa em rebeldia; não sei eu que tens elegido o filho de Jessé para vergonha tua e para vergonha da nudez de tua mãe? Porque todos os dias que o filho de Jessé viver sobre a Terra nem tu serás firme, nem o teu reino: pelo que, envia, e traze-mo nesta hora; porque é digno de morte.” (1 Sm 20:30-31) Ainda assim Jônatas fala em favor de Davi: “Por que há de ele morrer? Que tem feito?” (1 Sm 20:32). “Se a Mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós.” (Jo 15:20). “Então Saul atirou-lhe com a lança, para o ferir.” (1 Sm 20:33). Agora ele bem conhecia o ódio resoluto que seu pai tinha contra Davi.
O quanto ele sentiu em seu coração, quando a flecha de aviso foi atirada, nós podemos deduzir disto: “E, indo-se o moço, levantou-se Davi da banda do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes: e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos, até que Davi chorou muito mais. E disse Jônatas a Davi: Vai-te em paz: o que nós temos jurado ambos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja entre mim e ti, e entre minha semente e a tua semente, seja perpetuamente. Então se levantou Davi, e se foi; e Jônatas entrou na cidade” (1 Sm 20:41-43).
As tristezas de Davi, o ungido de Deus, não passavam de sombras das tristezas muito mais profundas do Filho Unigênito de Deus, seja quando olhamos para os múltiplos sofrimentos pelo qual Ele foi consagrado Príncipe da nossa salvação, ou no sofrimento da morte, por meio da qual Ele está agora glorificado à destra de Deus. Sem dúvida, a pressão no coração de Davi foi usada para dar expressão àqueles sofrimentos futuros de nosso Jesus.

SEGUIR O REJEITADO

Mas neste ponto da história de Jônatas – e trata-se de um ponto solene – devemos nos lembrar de que Davi passava a ser um desterrado da casa de Saul, e que o Senhor Jesus é, neste exato momento, um desterrado deste mundo; e assim como Saul odiou Davi, de modo semelhante, e até mais, este mundo odiou, rejeitou e desterrou – sim, até mesmo assassinou – o ungido Cristo de Deus; e Ele continua sendo, ainda hoje, o odiado e rejeitado Jesus.
Mas há um outro lado nesta figura. Deus havia rejeitado a casa de Saul, embora a tivesse suportado por um longo tempo – sim, durante todo o tempo da rejeição de Davi. E Ele havia escolhido e ungido a Davi. E o Senhor estava com Davi, tanto quanto não estava com Saul. Certamente Samuel sabia disso, e Davi sabia também, ainda que a fé estivesse sendo dolorosamente provada. E Jônatas sabia disso, como veremos em seu próximo, e último, encontro com Davi.
Mas devo agora falar a você daquela uma só coisa que faltou em nosso Jônatas. É muito doloroso fazê-lo; devo dizer-lhe por que? Ah, porque existem tantos Jônatas em nossos dias! Porventura não é algo triste conhecer Jesus, amar Jesus, confessar o Seu Nome, se deleitar muito em Jesus, desejar servi-Lo neste mundo mau, e, apesar de tudo, parar de repente quando só faltava uma coisa!
O que poderia ser essa coisa? O leitor talvez possa dizer, pela graça de Deus: “Tudo o que você disse de Jônatas se aplica a mim”. Pode, então, lembrar-se de quando Deus fez com que você visse os seus pecados; de quando o adversário teve permissão para fustigar sua alma, como Golias desafiando os exércitos de Israel no vale de Elá? Você não encontrou libertação, não encontrou paz, até que o Espírito Santo revelasse Jesus à sua alma; até que lhe fosse revelado Aquele que foi enviado por Deus, e Ele mostrasse a você como havia completado a grande obra da redenção, e que, pelo Seu precioso sangue, seus pecados tinham ido embora para sempre, como os filisteus haviam fugido do vale de Elá. E não foi isso o que conquistou o seu coração para Jesus, do mesmo modo como Jônatas teve seu coração unido a Davi? Talvez seu orgulho próprio tenha sido, desde então, muitas vezes esmagado, mas será que você pode dizer: “Senhor, Tu sabes que Te amo”? (Jo 21:15).
SÓ FALTOU UMA COISA
Você já conseguiu se despojar de toda a sua justiça-própria? Será que você está totalmente sujeito a Jesus? Será que Ele é tudo, e você nada? É Ele precioso para a sua alma? Pode você dizer: “Tenho nEle o meu prazer?” Pois estou certo de que pode-se ter muito prazer nEle, à medida que compreendemos a vaidade de tudo o mais, e a inutilidade de tudo aquilo que vem do homem. E será que você já confessou o nome de Jesus em seu círculo social em, digamos, sua própria casa? Você continuou falando bem de Jesus, mesmo tendo que enfrentar todo o ódio e oposição? Assim como Jônatas foi testemunha de Davi – foi o homem de Davi na casa de Saul – têm você sido testemunha de Jesus? Tem sido seu prazer manter comunhão com Jesus e servi-Lo, como Jônatas teve prazer em falar com Davi e servi-lo? Se sua resposta for “sim”, não seria triste descobrir que, apesar de tudo, só faltou uma coisa?
Você reparou quais foram as últimas palavras de nosso Jônatas? (1 Sm 20:42). “Então se levantou Davi, e se foi; e Jônatas entrou na cidade.” (1 Sm 20:43). Para onde foi Davi? No capítulo 22 nós o encontramos na caverna de Adulão. “Então Davi se retirou dali, e se escapou para a caverna de Adulão: e ouviram-no seus irmãos e toda a casa de seu pai, e desceram ali para ele. E ajuntou-se a ele todo o homem que se achava em aperto, e todo o homem endividado, e todo o homem de espírito desgostoso, e ele se fez chefe deles: e eram com ele uns quatrocentos homens.” (1 Sm 22:1-2). Mas havia um que não estava com ele, e esse era o próprio Jônatas. Talvez você pergunte: “Como podia ser possível que Jônatas, que sabia do reino de Davi que estava para vir, não estivesse com ele?” Bem, vamos ler a última conversa que Jônatas teve com Davi, e não teremos mais dúvidas sobre isto.
“Então se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi ao bosque, e confortou a sua mão em Deus; e disse-lhe: Não temas, que não te achará a mão de Saul, meu pai; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo: o que também Saul meu pai, bem sabe. E ambos fizeram aliança perante o Senhor: Davi ficou no bosque, e Jônatas voltou para a sua casa” – a casa, a mesma casa de Saul, o rejeitado por Deus. No entanto, fica evidente que Jônatas bem sabia do reino vindouro de seu amado Davi; tanto quanto sabia da rejeição da casa de Saul; e, ainda assim falhou quando deveria ter saído dela e tomado o seu lugar, o lugar da fé, com o rei que viria, o escolhido de Deus.
Você sabe, querido leitor, como terminará a presente era? Você sabe que “quando disserem: Há paz e segurança; então lhes sobrevirá repentina destruição”? (1 Ts 5:3); – que “é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus”? (1 Pd 4:17); – que, assim como a casa apóstata de Saul foi eliminada, o mesmo acontecerá com a cristandade apóstata que será vomitada da Sua boca? (Ap 3:16). Acaso você não está vendo que há muitas coisas ao seu redor que refletem um espírito assim? Que dia este de trombetas soando! Ouçam os hebreus o que estamos fazendo! (1 Sm 13:3). Nunca antes houve uma época de tantos feitos humanos e de tantas trombetas alardeando esses feitos.
“Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.” (Ap 3:17). Esta é a descrição, dada pelo próprio Senhor, do último estado da grande e condenada casa professa (Ap 3:15- 20). Saul certamente era grande neste mundo, se comparado com o desterrado Davi, mas quão desventurado e miserável foi o seu fim!
REUNIDOS A JESUS
Mas, querido leitor, acaso você não sabe que esse Jesus, rejeitado no mundo, encontra-Se neste exato momento à destra da Majestade nas alturas, e que Ele cedo virá, e com um clamor reunirá os Seus santos para encontrá-Lo nos ares (1 Ts 4); e que depois disso Ele voltará em juízo sobre aqueles que não obedeceram ao evangelho (2 Ts 1); e que então o glorioso reino desse, agora rejeitado, Jesus certamente terá o seu lugar? Você concorda que todas essas coisas certamente acontecerão? E será que você sabe que Deus está, pelo Seu Espírito, reunindo uns poucos dos redimidos do Senhor a esse Jesus, agora rejeitado, como foram reunidos a Davi aqueles quatrocentos homens na caverna de Adulão? É verdade, aqueles quatrocentos formavam um grupo bem desprezível, mas era a Davi que estavam reunidos. Ah, se Jônatas tivesse sido um deles, você acha que seu corpo teria sido pregado no muro de Bete-Sã?
Está mais do que na hora de colocar esta questão diante de você: Onde é que você está? Será que está construindo com madeira, feno e palha na grande casa de Saul – essa cristandade vistosa de mera profissão exterior – essa que professa ser a Igreja de Deus, mas que, na realidade, tornou-se a igreja do mundo? Ou será que você já tomou o seu lugar fora do arraial com esse Jesus, agora rejeitado, mas que voltará? Ah, penso estar ouvindo você dizer: “Oh, esses cristãos separados; são pessoas tão horríveis!” Jônatas deve ter dito o mesmo daqueles quatrocentos homens que estavam com Davi. Mas o que dizer de Jesus? Será que Ele não é digno de que você deixe tudo para identificar-se só com Ele? Você encontrará alguns outros, poucos, mas que por graça encontram-se nesse mesmo bendito lugar; apesar de o mundo religioso tentar fazer deles uma seita, e até, como nos dias de Paulo, uma seita da qual em todo lugar se fale mal. Estou sendo franco; falo sem rodeios. Há uma grande casa de profissão exterior, como era a casa de Saul; e há uma separação dela, em identificação com Jesus em Sua rejeição, como os quatrocentos que estavam com Davi; e se você é um cristão, certamente você está, ou em um lugar, ou no outro. É provável que você diga: “É neste grande sistema que ganho o meu pão”. Bem, se assim for, admito que trata-se de um assunto bem sério. Mas o mesmo acontecia com Jônatas, e você pôde ver o fim dele – os muros de Bete-Sã.
“Mas”, outro poderá dizer, “será que você não consegue ver a influência que posso ter, permanecendo onde estou? Veja que bela congregação! Que oportunidades de falar de Jesus! Você acha que eu conseguiria ter as mesmas oportunidades, ou algo parecido, se tomasse meu lugar fora, ao nome de Jesus? E pense só na oposição que encontraria daqueles com quem me relaciono! Por que deixar todo o esplendor e conforto de tudo o que é admirado no mundo, e onde pode-se, ao mesmo tempo, verdadeiramente confessar o nome de Jesus?”
Ah, meu amigo, Jônatas pode muito bem ter dito o mesmo, mas por que foi que ele perdeu o prêmio de seu amor e serviço a Davi? E por que foi ele acabar vergonhosamente pregado nos muros de Bete-Sã? Acaso não foi por ele ter agido nos mesmos princípios sobre os quais muitos agem ainda hoje? Ele uniu-se àquilo que era exterior, aquilo que Deus havia rejeitado, e falhou ao não tomar o seu lugar junto com os pobres e desprezados seguidores do ungido de Deus.
Você sabe muito bem, querido leitor, que Deus não Se associa a esse comércio,mundanismo e pecado que é tolerado na igreja professa. Se você tem um grande apreço por Jesus, se você deseja fazer o que quer que Ele deseje de você, então certamente Sua voz poderá ser ouvida nestas preciosas passagens que falam dEle. Oh, não é triste ficar perdendo o seu tempo com aquilo, e para aquilo, que será destruído na vinda do Senhor? Tem comunhão e encontros ocasionais com Davi e, então, lá vai você de volta para a casa de Saul. Ah, isso de nada adiantará! Você pode ter as quatro características que Jônatas teve, de uma verdadeira conversão a Cristo, e ainda assim perder seu galardão.
1. Como Jônatas, você pode ter ficado cheio de amor para Jesus, reconhecendo-O como o Cordeiro de Deus que levou de uma vez para sempre os seus pecados (1 Sm 18:1); 2. Você pode ter se despojado para Jesus (1 Sm 18:4); 3. Você pode ter feito plena confissão do nome de Jesus, deleitando-se muito nEle (1 Sm 19:1-5); 4. Você pode ter desejado fazer o que quer que Jesus desejasse (1 Sm 20:4).
Mas será que, como Rebeca que deixou tudo para ir ao encontro de seu Isaque, você está disposto a deixar tudo e tomar o seu lugar de devota identificação com Jesus?
C. Stanley

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